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Bala na Cesta

Sobre verbas públicas, Hortência reclama: 'Tenho de dar satisfação a Eletrobras por tudo'

Fábio Balassiano

06/06/2012 00h31

"Temos dificuldade para receber o dinheiro da Eletrobras. A Eletrobras não paga em dia. Se eu pego uma passagem para ir para a Europa, tenho de dar satisfação a eles. Patrocinador não tem de fazer gestão. Temos de prestar conta sim, mas é um patrocínio, não um convênio. Bloquear o dinheiro e não soltar prejudica muito. Nós estamos sendo muito prejudicados pela Eletrobras, principalmente a minha equipe de base que deixou de treinar porque eles seguraram o dinheiro"

"Matéria feita pelo Balassiano por pessoas que desconhecem o que acontece lá dentro. Aumentou porque eu exijo da seleção brasileira que as meninas treinem mais. Antigamente não tinha esse custo porque não se classifica para mundial sub17, sub19, então aumentou não só o número de equipes que a gente monta, como também hoje estou montando equipes para disputar mundial sub 18 3 x 3. Gasto aumentou porque aumentou o número de competições que a gente participa, até competições universitárias eu estou mandando equipe"

A crítica a Eletrobras, uma atrocidade oral e moral, é de Hortência, diretora de seleções femininas da Confederação Brasileira de Basketball, entidade que recebeu R$ 12,5 milhões da empresa pública em 2011. As declarações foram dadas ao programa Papo Reto, do ex-jogador Neto, aqui no UOL (clique aqui para ver o vídeo e aqui para ler a matéria a respeito). Como ela me citou nominalmente, vamos a algumas ponderações importantes:

1) Em primeiro lugar, é preciso, sim, dar satisfação não a Eletrobras, patrocinadora da entidade, Hortência. Sem ser piegas, mas se a verba é pública, QUALQUER coisa que você faça com ela é preciso explicar à sociedade. Desculpe te dizer isso, Rainha, mas em países sérios (não é o caso do Brasil evidentemente) funciona assim. Fica a dica.

2) Alguém tem dúvida que a Eletrobras tem mais é que cobrar/fiscalizar a forma como uma entidade como a Confederação Brasileira (a CBB, gente…) utiliza a grana? Não, né…

3) ALTERADO ÀS 14: Hortência não explica muito bem duas coisas. Primeiro quando diz que a CBB classificou todas as equipes de base para competições internacionais. Classificou, sim, as femininas (dela, Hortência), mas não todas. A Sub15 masculina perdeu agora há pouco no Uruguai e não jogará a Copa América de 2013 e nem o Mundial de 2014. A Sub16 masculina, idem, e ficou fora do Mundial Sub17. A segunda, é quando ela diz que "até para competições universitárias eu estou mandando equipe". Quem "manda" equipe para jogos universitários, até onde se sabe por todos, é a CBDU (Confederação Brasileira de Desporto Universitário).

4) Hortência diz que "Matéria feita pelo Balassiano por pessoas que desconhecem o que acontece lá dentro". Muito bem. Hortência sabe que quem toca este blog ou qualquer matéria assinada por mim sou eu mesmo. Não há "plural" aqui. Sou eu mesmo. Este é um ponto. O segundo é simples: se a gente desconhece o que acontece lá dentro, a razão é simples: a entidade não faz questão alguma de informar. Foram feitas quase 25 perguntas ao presidente da CBB, Carlos Nunes, a respeito do catastrófico balanço financeiro da entidade, e nenhuma foi respondida. Desconhecer? Faça-me o favor, Rainha!

5) Além de reclamar da Eletrboras, Hortência mostra, minha opinião, falta de conhecimento ao dizer que não consegue trabalhar/planejar as suas seleções por causa da falta do dinheiro da entidade e de processos movidos na outra gestão. O único processo que já resultou em perda de dinheiro foi da Sportlink, cujo valor foi de R$ 500 mil (cerca de 2% do orçamento da entidade). Além da estatal, a CBB recebe verba do Bradesco, Ministério do Esporte etc. . Ou seja: reclamar da Eletrobras porque o basquete brasileiro está nesta draga não é só lamúria. É falta de conhecimento estratégico mesmo.

6) A assessoria de imprensa da Confederação Brasileira não orienta seus funcionários antes de entrevistas, não? O volume de asneiras proferido por Hortência em menos de três anos de gestão na CBB é um absurdo, gente!

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